O Fórum Alternativo Mundial da Água – FAMA 2018 – aconteceu
entre os dias 17 e 22 de março de 2018, em Brasília – DF. Nos dias
17, 18 e 19 as atividades aconteceram na UnB – Universidade de Brasília, e
entre os dias 20 e 22 foram realizadas atividades descentralizadas.
O FAMA é um evento
internacional, democrático e que pretende reunir mundialmente organizações e
movimentos sociais que lutam em defesa da água como direito elementar à vida.
Pretendeu também unificar a luta contra a tentativa das grandes corporações em transformar
a água em uma mercadoria, privatizando as reservas e fontes naturais de água,
tentando transformar este direito em um recurso inalcançável para muitas
populações, que, com isso, sofrem exclusão social, pobreza e
se vêm envolvidas em conflitos e guerras de todo o tipo.
Este Fórum se contrapõe ao autodenominado
“Fórum Mundial da Água” que é um encontro promovido pelos grandes grupos
econômicos que defendem a privatização das fontes naturais e dos serviços
públicos de água.
A USP - Universidade de São Paulo disponibilizou
ônibus para que os alunos interessados fossem ao FAMA e contamos com a
participação de alguns alunos do curso de Gestão Ambiental do Campus USP Leste,
e através deles, procuramos saber como foi a ida ao FAMA 2018, suas
experiências e aprendizados.
Contamos com a participação de três alunos que
possuem representatividade dentro do curso pelos seus trabalhos extraclasse,
como Lucas Henrique - presidente do Diretório Acadêmico de Gestão Ambiental,
José Mateus Rodrigues - presidente da GA Jr. e Carlos Henrique de Almeida -
Representante Discente do curso de Gestão Ambiental.
- Quais os pontos positivos e
negativos que você observou no decorrer do evento?
Lucas: O
ponto positivo foi a questão da representatividade de diferentes grupos sociais
e do respeito para com a opinião de cada um. Apesar do objetivo em comum, alguns
pontos possuíam divergências, dependendo da luta de cada movimento; mesmo
assim, houve empatia de todas as partes. Não tenho o que comentar sobre pontos
negativos, talvez a questão da associação direta de partidos políticos com a
luta pela água, mas é uma relação plausível e compreensível.
José: Gostei bastante do evento em si,
consegui compreender ainda mais a luta e as dificuldades que comunidades
tradicionais (comunidades indígenas, quilombolas) e outros movimentos sociais
(Atingidos por Barragens, Trabalhadores Rurais Sem Terra, dentre outros)
possuem, principalmente no que diz respeito à água. O principal ponto que
gostei do evento foi a maneira de participação no evento (não como palestrante
ou compondo mesas de debate, no caso) mas sim pelo fato de ser totalmente
gratuito e amplamente divulgado nas mídias sociais (embora, não se tenha conseguido
atingir um número grande de pessoas, devido a poucas pessoas estarem sabendo do
evento, gostei mesmo assim). Gostei muito também do lema do evento
"Água é Direito, não mercadoria".
Oportunidade
de conhecer lugares, pessoas e o principal, neste sentido, estreitar laços de
amizade com as pessoas que foram ao evento, em particular aos meus colegas da
EACH-USP. Ao visitar o Fórum Mundial da Água (FMA) em paralelo a programação do
FAMA, consegui ver que embora seja algo custeado pelas multinacionais,
existiram muitas pessoas boas participando do evento, principalmente aquelas
pessoas com um viés mais acadêmico e social, como Floresta Cultural, Instituto
Socioambiental, alunos de mestrado, dentre outros.
- O que você diria as pessoas que
não foram ao FAMA?
Carlos: Que perderam um dos maiores
eventos Mundiais em defesa da água e da vida! Que perderam o encontro do
verdadeiro Brasil; em uma oportunidade que reuniu praticamente todos os povos
tradicionais do nosso país, sendo fortalecido pela presença de diversas etnias
originárias.
José: Que vocês perderam uma ótima oportunidade de conhecer a
cidade de Brasília e de participar de um evento tão importante como o Primeiro
evento do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA).
- Quais aprendizados e lições você
teve ao ir no Fórum?
Carlos: Aprendi
que a luta pela água é realmente global, pois tivemos vários depoimentos de
pessoas e grupos por todos os cantos desse mundo que manifestaram as suas
dificuldades com o tema.
José: Dar
o devido valor (neste caso, não monetário) à água.
Lucas: Respeito a opiniões divergentes
e, sobretudo, que a construção do conhecimento vai muito além da vida
acadêmica, sobretudo para o gestor ambiental.
- Deixe aqui uma mensagem para os
alunos de Gestão Ambiental que você acha válido sobre a sua participação
no FAMA.
Carlos: Quero
dizer que estamos atentos, estamos cientes e cada vez mais conscientes do
quanto nosso o curso é importante na luta pela preservação da água e para a
manutenção da Vida!
José: Por
mais que eu não tenha participado de nenhuma mesa de debate no evento -
principalmente pelo fato de ser o momento de escutar quem mais sofre com a
temática da água - o ponto principal de tudo isso foi que eu vi a história
sendo feita e construída com meus próprios olhos, além disso, pude contribuir
participando do evento, divulgando informações e o principal de tudo, estou compartilhando informações com
todas aquelas pessoas que não estiveram presentes no 1º Fórum Alternativo
Mundial da Água, em Brasília, entre os dias 17 de abril até 22 de abril de
2018, assim como estou fazendo agora.
Lucas: A Gestão Ambiental, além da parte
técnica e burocrática, é luta. Ter contato com grupos totalmente vulneráveis
foi uma experiência essencial para a minha formação e atividades que vão além
da vida universitária é um diferencial para o profissional da gestão ambiental.
Aproveite tudo que a USP tem a lhe oferecer e não perca oportunidades como
essa.
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